Ao observar um ambiente, um móvel, uma pessoa, qualquer coisa, observamos com todos os sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Além de que nossa apreciação passa também pela nossa história de vida.
Parece estranho, mas pense bem: Uma sala ruidosa, um cheiro ruim no ar pode ser linda, mas não “gostamos” dela. Da mesma forma que um sofá com um tecido áspero ao toque, uma parede com a cor de uma fruta que detestamos também não serão aceitos. Nossas lembranças felizes em algum lugar na infância podem automaticamente nos fazer felizes em um ambiente que nos lembre de alguma forma, este lugar.
Na arquitetura de interiores todos estes fatores tem seu peso e sua medida, mas a visão é de longe o sentido mais excitado e por isso as formas, cores e a composição espacial são tão importantes. A composição espacial visa escolher, organizar e distribuir todos os elementos do ambiente de uma forma bonita e agradável para o usuário do espaço. Para isso ela utiliza-se de alguns princípios que vamos descrever abaixo:
Equilíbrio – Pode ser simétrico (quando você tem por exemplo: uma sala que dividindo-a visualmente no meio tem se os objetos de um lado que se repetem no outro), assimétrico (quando não há simetria entre os lados) ou radial (circular, quando há simetria como um movimento que vai ou vem de um ponto central).
O objetivo na arquitetura de interiores não é o equilíbrio e a simetria, mas sim “brincar” com estes princípios para trazer interesse e beleza, de acordo com o gosto do cliente. O importante é saber que grau de equilíbrio e simetria o cliente deseja para um ambiente e o porquê.
Proporção – É a relação entre duas (02) razões (medidas e espaços). Podemos trabalhar com ela para enfatizar ou diminuir uma característica de um espaço, por exemplo: Pés direitos altos demais podem ser visualmente diminuídos com cor escura no teto; Cores mais escuras ou mais claras nas paredes ou em algumas paredes de um cômodo modificam a percepção da proporção entre largura e comprimento deste. Todos os elementos devem formar uma composição agradável; deve-se avaliar a relação dos móveis entre si, com o tamanho, o pé direito e objetos do ambiente. Também podemos “brincar” com a proporção e escala para dar interesse.
Resumindo, proporção é que lhe faz pensar que algo é grande demais, pequeno demais, largo demais. Enfim, qualquer coisa demais (ou de menos) em relação à outras em um ambiente (no nosso caso). Ou então, que lhe faz pensar que tudo combina, que está certo, que é normal ou que é proporcional.
Escala – Podemos dizer que grandes móveis estão “em escala” em grandes espaços. Pequenos móveis estão “em escala” em pequenos espaços. Na verdade, falamos de proporção. Escala mesmo é a comparação entre a medida de uma representação e a medida real do que está sendo representado. Por exemplo: Uma miniatura de uma cadeira tem uma escala reduzida desta cadeira.
E o que isso tem a ver com arquitetura de interiores? Bem, toda planta que se vê é uma redução em alguma escala do imóvel ou ambiente. Por isso representa, perfeitamente ao ambiente, só que reduzido. A escala está diretamente relacionada a proporção. Um ambiente sem proporção é um ambiente que os móveis não estão na escala correta.
Variedade – De formas, texturas, cores, padrão, estilo, tecnologia e etc. para não termos um ambiente monótono.
Unidade – É importante que haja uma sensação de continuidade, um caráter, em todos os ambientes. Isso se consegue repetindo de forma variada os mesmos elementos (que podem ser cores, formas, texturas, etc.) em todos os ambientes ou em um só ambiente.
O equilíbrio entre variedade e repetição nos faz perceber a unidade do ambiente: As coisas são diferentes, mas como estes “diferentes” se repetem no ambiente, ele nos dá a percepção da unidade.
Mantenha a variedade e a repetição sob controle. Não repita demais, não varie demais. Mas não deixe de variar nem de repetir. A sutileza é importante.
A Repetição, além de influenciar o Ritmo também facilita a Harmonia.
Ritmo – É a forma como você faz o olhar “andar” por um ambiente. Seu olhar pode pular de um lado para outro, ir devagar a partir de um ponto e seguir tranquilamente por toda volta, subir e descer continuamente, tudo isso atraído pela forma como foi distribuído e também repetido (por isso ritmo está muito ligado à repetição) cores, linhas, curvas, formas e objetos.
Centros de interesse – É o ponto de partida na arquitetura de interiores. Geralmente há apenas um foco, um centro de interesse. Caso haja mais de um, ambos não podem competir, por isso um tem que sobressair ao(s) outro(s), seja pela forma, pela iluminação direcionada, tamanho, cor expressiva e etc. atraindo nossa atenção para aquele e depois para os coadjuvantes.
Contraste – “Contraste é a diferença nas propriedades visuais que faz com que um objeto seja distinguível de outros e do plano de fundo”. O contraste existe sempre que algo se sobressai em relação a outro algo ou ao ambiente inteiro, trazendo mais interesse ao conjunto. Mas precisa “conversar” com ele também. É interessante o uso do contraste não só nas cores e tons, pois contraste é muito mais que isso.
Elementos contrastantes quando juntos, são enriquecidos. Por exemplo: Sofá liso junto com almofadas texturizadas. Moldura clara em parede escura, etc. Se não houver algum contraste, a decoração fica enfadonha.
Harmonia – “Combinação de elementos ligados por uma relação de pertinência, que produz uma sensação agradável e de prazer”. Formas, texturas, cores, iluminação, distribuição, materiais, etc. devem se relacionar e nunca brigar entre si. Além disso, o bom uso de todos os demais princípios dá a sensação de um ambiente harmônico.
Além desses princípios que se relacionam entre sim, há um princípio ou seria um “não princípio”? que é o peso.
E o que é peso na arquitetura de interiores? É um termo que usamos muito, mas que mais “sentimos” do que “definimos”.
Muitas vezes falamos que um ambiente está pesado demais, carregado demais. Mas o que quer dizer isso? A ideia de “pesado” tem a ver com a sensação de excesso. O excesso tem a ver com um desequilíbrio. E o desequilíbrio causa falta de proporção, unidade, variedade, ritmo, interesse, contraste e harmonia.
Portanto, utilizando os princípios na quantidade adequada para o projeto, valorizando os volumes arquitetônicos externos e internos da construção, nunca perdendo sua autenticidade e beleza, o ambiente dos seus sonhos e que atenda a sua necessidade será realizado com sucesso.